Uma
das principais ervas daninhas que tem proliferado à volta do Cristianismo é a
doutrina da prosperidade, que nada mais é que uma doutrina distorcida a
respeito de Deus, de forte conteúdo materialista e que tem seduzido a muitos e
os desviado da verdade.
Quando
falo da “doutrina da prosperidade”, não falo apenas de seitas religiosas ou de
uma denominação, mas de um movimento que se tem infiltrado com as suas ideias em
diversas denominações e grupos evangélicos, principalmente os pentecostais,
sendo, por isso mesmo, uma das mais perigosas heresias na atualidade. Os seus
conceitos têm invadido as mentes de muitos crentes, provocando grandes
prejuízos espirituais.
O
apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em Cristo só para as
coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19). É
esta a triste situação espiritual dos milhões que têm procurado Jesus única e
exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da
atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2Pe 2:3).
Há
uns anos atras, a pregação evangélica, principalmente pentecostal, enfatizava
que os cristãos não deveriam apegar-se às riquezas materiais, aos interesses
terrenos, pois Jesus nos ensinou que aqui somos apenas peregrinos (1Pe 2:11),
pois o nosso lugar é o Céu (João 14:1-3), e que não deveríamos juntar tesouros
aqui (Mt 6:19,20; Lc 12:23). Mas, veio a doutrina da prosperidade dizer que o
cristão deve ser próspero financeiramente e viver sempre livre de qualquer
enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar em pecado, não
tem fé ou vive sob o domínio do diabo. Chegam ao ridículo de dizer que Jesus
nasceu de uma virgem zero km, entrou em Jerusalém montado num jumento zero km
e, na sua morte, foi sepultado num túmulo zero km. Como se vê, é uma
interpretação forçada da Palavra Deus para se justificar erros, heresias e
interesses duvidosos.
Os
doutrinadores da prosperidade ensinam que todos os cristãos devem ser ricos
financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde
de ferro, e que toda enfermidade vem do diabo. E que se o cristão não vive nesta
prosperidade, é por falta de fé ou porque que há pecado na sua vida,
desprezando, assim, soberania de Deus.
A
soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo
quanto em autoridade sobre todas as coisas, mas para os doutrinadores da
prosperidade, a soberania de Deus não é levada muita a sério, pois os verbos
que imperam são: exigir, decretar, determinar, reivindicar, ao invés de pedir,
rogar, suplicar, etc. Jesus, porém, ensinou-nos a pedir e não exigir (Mt 7:7;
Lc 11:9; João 16:24; Sl 27:4; Pv 30:7; Zc 10:1.)
A maligna
e perversa doutrina da prosperidade tem feito de ricos, pobres da presença de
Deus e de pobres, ricos sem Deus. Pois “o amor ao dinheiro é raiz de todos os
males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos
com muitas dores” (1Tm 6:10).
O
apostolo Paulo talvez tivesse sido rico, mas depois que teve contato com Cristo
viveu sem riquezas: "... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar
abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas
tenho experiência, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância
como a padecer necessidade"(Fp 4:11-12).
Veja
o que o Espírito Santo nos ensina sobre o desejo de se tornar rico, usando o
apóstolo Paulo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço,
e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na
ruína e na perdição” (1Tm 6:9).
É
necessário estarmos conscientes de que o conceito de prosperidade não pode ser
reduzido à posse de dinheiro e bens materiais. Existem pessoas que possuem
muito dinheiro sem, contudo, serem prósperas. Existe um alto índice de
dependência de drogas, prostituição, divórcios e suicídios entre as pessoas da
classe alta nas sociedades de todo mundo.
É
necessário estarmos conscientes de que ser pobre, perseguido ou estar enfermo,
não significa necessariamente estar em pecado. Vejamos as seguintes passagens
da Bíblia:” Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno,
dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado,
e para o teu pobre na tua terra” (Dt 15:11). ” Porquanto sempre tendes convosco
os pobres...” (Mt 26:11). “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas
o que se compadece do necessitado o honra” (Pv 14:31). “Melhor é o pobre que
anda na sua integridade do que o perverso de lábios e tolo” (Pv 19:1).” O que o
homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que
mentiroso” (Pv 19:22).” O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os
fez”(Pv 22:2). ” Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de
Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre
um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta (Zc 9;9).” Como dizes: Rico
sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um
desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3:17).
Os
doutrinadores da prosperidade dizem que por se ser filho de Deus, temos o
"direito" de termos o que quisermos! Vejamos, como exemplos, algumas
refutações bíblicas:
- Jesus
não tinha onde reclinar a cabeça ( Mt 8:20).
- Paulo
viveu em constante pobreza ( Fp 4:11).
- Jesus
pediu ao rico para desfazer-se dos bens ( Lc 18:22).
- Os
que querem ficar ricos caem em tentações (1Tm 6:9).
- Não
podemos servir a Deus e as riquezas (Lc 16:13).
- A
oração que não é atendida: para gastar no luxo (Tg 4:3).
- Na
oração do Pai Nosso não há indicação de pedirmos além do necessário ("de
cada dia..." - Mt 6:11).
- O
servo de Eliseu apanhou lepra pela cobiça (2Rs 5:20-27).
-
"Não ajunteis tesouro na terra..." (Mt 6:19).
- José
e Maria eram humildes. A sua oferta de sacrifício no templo foi um par de rolas
(Lc 2:22), a mais simples oferta (veja Lv 12:6-8).
- A
fascinação da riqueza sufoca o crescimento espiritual (Mc 4:19).
- Pedro
e João não tinham oferta para dar ao paralítico (At 3:6).
-
Moisés abandonou a sua riqueza e "status", para servir a Deus e ao
Seu povo (Hb 11:24-26).
- A
cobiça levou o povo de Israel a desobedecer e ser derrotado (Js 7:1-26).
- Deus
usou Gedeão, da família mais pobre de Manassés, para libertar Israel (Jz 6:15).
- Jó,
um justo, passou por um período de pobreza total (Jó 1:9-12).
- Em
Jerusalém, a maioria dos crentes era muito pobre, mas Paulo não os tratou com
desdém, mas chamou-os de Santos: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia
levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em
Jerusalém”(Rm 15:26).
A
Bíblia ensina que nem a pobreza nem a riqueza são virtudes. A Palavra de Deus,
aliás, em momento algum trata a pobreza com desdém. A vida do homem não se
constitui dos bens que possui (Lc 12:15). Não devemos ir para um extremo, nem
para o outro (Pv 30:8,9). Qualquer extremo é perigoso.
É
verdade que a riqueza é bênção de Deus, desde que adquirida de maneira honesta
e não vise exclusivamente aos deleites deste mundo (Tg 4:3). Caso contrário,
seremos escravizados por ela.
Infelizmente,
nos nossos dias, muitos crentes passaram a observar a sua fé como um mecanismo
de prosperidade material e, com isto, desviam-se dos objetivos traçados pelas
Escrituras Sagradas. Não nego que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua
Igreja, mas, definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e
não é este o propósito para ela estabelecido pelo Senhor. Quando mudamos a diretiva
divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos para uma diretiva de
busca de prosperidade, a encaminhar-nos a ser apostatas. O materialismo é uma
das principais marcas do espírito do Anticristo, cujo reinado sempre
beneficiará os mercadores (cf Ap:18), que serão os que mais lamentarão a queda
de seu sistema iníquo.
Não
é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da
igreja apóstata dos dias do arrebatamento, seja “rico sou e de nada tenho
falta” (Ap 3:17), a mostrar que esta igreja tinha, em primeiro plano, a
preocupação com as riquezas, com os bens materiais.
Urge
modificarmos este pensamento que está incrustado na Igreja, levando muitos à
apostasia. Muitos já não pensam nas almas, mas nos dízimos e ofertas; outros
não estão preocupados com a obra de Deus, mas com os cifrões dos seus salários.
Muitos não querem saber de buscar a Deus para ter bênçãos espirituais, para
serem instrumentos de salvação e de aperfeiçoamento de outros crentes, mas
querem enriquecer com campanhas, sacrifícios, etc. São pessoas que vivem como o
mundo, que têm as mesmas preocupações e propósitos que o mundo e que, portanto,
pertencem a este vasto grupo onde o amor está a esfriar pelo aumento da iniquidade
e que, ao buscar riqueza material, não vê que se comporta como um pobre,
desgraçado e nu. Vigiemos e não entremos nesta onda, que nos levará a maus
resultados.
Portanto,
a teoria da prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os
filhos de Deus a buscarem a riqueza, por concluírem ser esta de grande importância.
Se deseja saber mais acerca deste assunto,
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