Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa:
Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra.
Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.
Os suecos discutem, discutem, fazem 'n' reuniões, ponderações. e trabalham num esquema bem mais 'slow down'. O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui. E vejo assim:
1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes
5. Para ter uma ideia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.
Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam muitos dos nossos salários.
Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles.
Vou contar para vocês uma breve história só para dar noção.
A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei: 'Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final.' Ele me respondeu simples assim: 'É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha? '.
Olha a minha cara! Ainda bem que levei esta logo na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos dali para frente . . .
A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site é muito interessante. Veja-o!). O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, 'curtindo' seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A ideia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.
A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia.
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada 'slow atitude' está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do 'Fast' (rápido) e do 'Do it now' (faça já).
Portanto, essa 'atitude sem-pressa' não significa fazer menos, nem ter menor produtividade.
Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais 'leve' e, portanto, mais produtivos onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso...
Será que os velhos ditados 'Devagar se vai ao longe' ou ainda 'A pressa é inimiga da perfeição' não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de 'qualidade sem-pressa' até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da 'qualidade do ser'?
Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.
Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.
Tempo todo mundo tem, por igual! Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo.
E quer saber do melhor?
Parabéns por você ter lido até o final!
Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem 'perder' o seu tempo neste mundo globalizado. Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família. De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas... Poderá ser tarde demais! Saber aprender para sobreviver...
Repasse aos seus Amigos e colegas, se tiver tempo....
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