Não queiras entender para crer, crê para que possas entender. Se não crês, não entenderás. E desde que os homens deixaram de crer em Deus, não se nota que se tivessem tornado descrentes em tudo, mas sim que acreditam em tudo.
O maior trunfo do cristianismo é a realidade. Não fazemos parte de mais uma ideia optimista que nos distrai da realidade, mas a vemos como ela é, e apresentamos a solução para a grande contradição confusão humana.
Vivemos num mundo caótico, fruto de vãs filosofias. O homem tentou entender todas as coisas e encontrar um sistema, uma verdade universal, a partir de sua própria racionalidade. E falhou.
O resultado é que para conseguir viver dentro do seu desespero, o homem foi obrigado a crer em algo sem nenhuma razão, porque não consegue confiar a sua razão a algo que seus olhos não podem ver. O homem moderno percebeu que, se não há uma verdade universal, também não há esperança, mas foge desse facto de todas as formas possíveis.
O Apostolo Paulo já sabia disso há quase dois mil anos. A ressurreição de Cristo é a verdadeira confirmação de tudo o que ele pregou. Paulo diz na primeira carta aos Coríntios que “se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé… e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.” (1 Coríntios 15:14-16). Porque se Cristo não ressuscitou, logo todo o processo bíblico falha.
“… o cristianismo não é romântico, é realista. O cristianismo é realista porque diz que se não há verdade, também não há esperança. E não pode haver verdade se não há base adequada. O cristianismo está preparado para enfrentar as consequências se for provado que não é verdadeiro e dizer com Paulo ‘Se for achado o corpo de Cristo a discussão está terminada; comamos e bebamos pois amanhã morreremos’. Não deixa espaço para uma resposta romântica.”¹
Outras filosofias e algumas religiões modernas tentam corrigir o mundo com esforço humano, ou então são românticos e tentam não ver a realidade decaída. Já o cristianismo “não olha para este mundo cansado e sobrecarregado e diz que tem alguns defeitos, está levemente amachucado e pode ser consertado facilmente. O cristianismo é realista e diz que o mundo está tomado pelo mal e que o homem é realmente culpado do início ao fim. O cristianismo recusa-se a dizer que podemos ter esperanças no futuro se basearmos a nossa esperança nas mostras de melhoras da humanidade”.¹
O cristianismo não vive em dualidade. Teólogos e filósofos contemporâneos dividem a fé da razão, e não as misturam, mas precisam das duas para viver. Então vivem ora no mundo racionalista, onde nada tem significado, porém sempre que necessário saltam para o mundo da fé, onde os seus conceitos morais e os seus significados estão guardados. Note-se que não necessariamente essa fé da qual o homem moderno se utiliza é crença em Deus, mas um lugar onde os seus conceitos que têm algum significado estão.
Para o cristianismo, a fé não está separada da razão. A Fé Cristã não é romantismo, mas sim a verdade e solução. O ser humano está morto, e nós sabemos que isso é resultado da sua revolta, que o separou do Deus vivo. Por isso o verdadeiro cristão não vive em contradição, nem em dicotomia, pois sabe em quem tem crido, e que a sua fé é racional (embora não seja racionalista). O ser humano recusa-se a querer viver onde o racionalismo o leva, a Verdade Divina. Prefere viver de forma onde conceitos como justiça ou integridade, não existem. É nesse o ponto que o homem moderno se encontra hoje em dia. O que é o amor senão algo subjectivo? O que é a fé, senão um salto para o escuro? O que é a justiça, senão algo indefinível e sem significado? Nada é absoluto para eles, nem mesmo conceitos inerentes ao ser humano.
Mas Cristo ressuscitou. Com mais de 500 testemunhas, e milhares de registos históricos. Ele morreu para nossa salvação, e ao viver nEle, não precisamos de mais nada. Ele dá sentido a nossa visão do mundo, e não precisamos viver uma vida dupla, pois todas as coisas convergem nEle. DEle e para Ele são todas as coisas.
¹ SCHAEFFER, Francia, “O Deus que Intervêm”, Refúgio, 1985.